segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Pairando

Deixei mais da metade de mim naquele palco. Deixei grande parte do meu eu (se não me fiz por completo e levei comigo o que sobrou de mim). 

Eu canto saudosismo pelas ruas, não sei mais viver sem saudade. E a nostalgia bate em meu rosto quando sinto a mesma brisa primaveril daqueles tempos.

Mas nunca mais poderei ser tão jovem quanto antes.
Nunca mais chegarei tão perto das estrelas. Será?

Eu só sei falar daquela grande mentira, daquela grande fantasia.
E no palco eu vivi o que eu mais queria viver. Eu voltei no tempo sem nunca conseguir acertar o relógio novamente. O que sobrará de mim?

Eu devaneio na janela quando me sobram minutos, mas o fim de tarde não é igual ao que era. Eu que mudei ou foi o mundo?

Por onde andará aquela alegria que eu deixei escapar pelas cortinas de veludo? Eu me pergunto e para sempre perguntarei.

Encostei no infinito dois anos atrás. Não pude mais voltar. 
Estou parada no espaço e isso é bom... Não cairei.
É melhor que eu fique girando assim, conforme o sentimento.

Eu vesti uma roupa na peça de teatro e ela nunca desgrudou de mim. Uma máscara sobre outra máscara.

E eu fico a pairar pelo resto de vida...


LUCIANA PONTES