quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Eu e meu egocentrismo

Chega uma idade que a gente não precisa mais aguentar certas coisas. Cheguei nessa idade. Eu e meus quase 16 anos já não aturamos ter que levar tudo numa boa e aguentar o que fazem para nós, ou para qualquer outro. Cansei. Estou falando descaradamente da minha turma e de mais algumas pessoas que deveria cuidar mais o que fazem e o que dizem. Eu respeito a pessoa até ela merecer. No momento ando com minhas emoções à flor da pele, não me incomodem. Tolerância zero a partir de hoje. Eu respeito opiniões, ouço conselho, aturo idiotices, suporto ignorância. Mas agora já não fico mais quieta em certas ocasiões. Está na hora de esclarecer o dia. Ou o povo começa a se mexer, ou nada feito. A Luciana pode dar o primeiro passo, aquele empurrãozinho, mas a galera tem que se ligar. HELLOOO! Olha o mundo aqui girando! Vamos estudar, vamos trabalhar... vai parar de dar na esquina e começa a pensar. O que será desses pobres coitados que só pensam em orgia? Só em festa, beber, pegar homens, mulheres, crianças, adultos, o diabo! O que será de mim convivendo com tudo isso? Vou acabar numa ilha deserta, aturando apenas os cocos que caem na minha cabeça. Começo, hoje, a pensar só em mim. Claro, não vou sair pisoteando tudo e todos, mas agora o centro do mundo sou eu, obrigada. Vou ser chata com quem se mostrar chato, e má com quem se achar mau. Eu falo 'achar' porque quem se acha mau não passa de um cordeirinho manso que só faz pose pra foto. Chega de ser boazinha com que não tá nem aí pra nada! Vamos começar a se mexer. Eu, agora egocêntrica, faço do melhor jeito, ou nada feito!
É isso aí.


Luciana Pontes

domingo, 23 de novembro de 2008

Nada com nada

Eu sei que faz dias que eu não coloco nada aqui. Se eu disser que é por falta de tempo estarei sendo igual a todos... Ninguém tem tempo, mas sempre se arranja quando quer. Talvez eu não tenha um tema certo para escrever, ou me falte inspiração, mas me sinto mal de entrar aqui no blog e ver que não há nada novo. Creio que você também se sinta assim. Descobri neste instante que não há nada melhor para se escrever do que sobre si mesmo (ou coisas que ainda não aconteceram: a imaginação sempre ganha). No fundo, no fundo, eu também não tenho o que escrever sobre mim. Ou tenho, mas não quero escrever.

Melhor acabar logo com isso. Não disse nada com nada, gastei meu tempo e o seu. Amanhã eu escreverei, ou quando algum acontecimento emocionante aconteça comigo. Claro que todos os dias eu vivo fortes emoções, principalmente na patinação. Mas não quero escrever sobre tantas alegrias. Quem lê pode achar que é falso. Melhor guardar grandes felicidades para mim, até que elas dêem certo.

Antes que eu me enrole mais, melhor ir embora.
Tchau.


Luciana Pontes

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Verdadeiro lugar

Eu sei que lá fora chove, que lá fora é escuro, que o frio nos mata. Mas sei também que existem lugares secos e quentes, iluminados por pessoas.
Há dois meses atrás eu me achava aberta para o mundo. Há dois meses atrás eu também achava que tinha todas as respostas e a vida se resumia em fórmulas fracas. Nesse tempo atrás eu me imaginava no topo do mundo, mas só em sonho. Por mais que eu tentasse, algo me prendia, e eu caia e me desacreditava. Eu tinha certeza de que aquela era a única verdade... A famosa verdade verdadeira, a que não podia me enganar. Eu, que tentava me abrir para novos horizontes, via ferros na minha frente. Estava "atrás das grades". E o pior é que quem nasce "atrás das grades", tende a viver assim para sempre, pois não conhece o mundão aí fora. Se acostuma com esse mal viver e vive, sem certeza de nada e com uma força de passarinho. Quem nasce e cresce onde não se é permitido sonhar, não sabe o que é a realidade. Neste lugar obscuro, quando tem-se um sonho ele é capturado, amarrotado e cuspido de volta ao seu dono. Demora até perceber que o sonho não é este desleixo, e que muita gente aí fora quer vê-lo voando e se realizando. Podemos até entender que dê alguma coisa certa neste fim de mundo descuidado, mas nunca é realmente certo, sempre é capenga, é meio errado, é mal executado. Lá também não se tem conhecimento dos outros, afinal, que outros senão nós, os superiores? Droga.
Hoje esta frieza já não acontece, agora eu sou mais feliz. Eu sei que posso e acerto, e fico firme e de pé e danço e pulo e giro e não me canço, porque é melhor, o mundo é melhor. Agora meu mundo é encorajado, é sonhado, é amigo. Um mundo companheiro, fiel companheiro, e tende a ficar no meu lado, não contra mim. Nada de nadar contra a corrente, correr contra o vento, voar sem asas. Agora vamos a pé. Passo depois de passo, ao som de algo escolhido. E que pretende ficar, e pretende ser mais forte da próxima vez. Não sei o que será de mim, mas eu acredito, e continuarei acreditando por um longo tempo. Porque eu tenho todo o tempo do mundo e mais quatro minutos, e apenas isso já me faz outra, mas segura e acertante. E que o fim do mundo chegue, eu estarei de pé, valseando e acreditando, e descobrindo a verdadeira Luciana Pontes dentro de mim.


Luciana Pontes

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Poesia Clássica

Eu tentei escrever
Mas nada saiu
Eu tentei pensar
E nada fluiu
Eu pedi socorro
E ninguém me ouviu
Agora só me resta
Voltar a dormir.


Luciana Pontes

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

À Saudade

Prezada Saudade,

Gostaria de lhe dizer tudo que sempre quis nesta carta. Mas creio que não posso. Vossa mercê não se encontra num lugar fixo atualmente, varia de dentro de mim para fora... Isso me mata. Quisera eu um dia poder chegar perto de vós e dizer-vos que já basta: Cheguei ao meu limite. Quisera eu um dia soquear seu nariz e rir à toa. Em mim não doeu nada. Creio que já não haja razão para permanecer em mim, ó santa sinto-sua-falta. Ora essa, dona Saudade, vós que tanto me condena sem motivo, motive-me a viver contigo! Nosso tempo se esgotou, hora de cortar relações, mandar cartões de lembrança natalinos e desejar feliz aniversário, se é que a senhora tem algo de feliz (e de aniversário). Saudade, você é ruim, é lenta, aumenta de mansinho, se espalha em mim, me amaldiçoa. Entrega-me às traças, me deixa acordada, me corta os pulsos. Vossa senhoria que me desculpe, mas vida boa seria aquela onde a saudade fosse conto de fadas. Onde os livros ilustram desenhos fantasmagóricos de pétalas caindo, representando-te.
Como forma de meu desgosto por ti, deixo-lhe esta carta como lembrança, para que sintas, assim como eu senti, saudade da idade em que a saudade era leve, e as lembranças também. Leve-a consigo, a carta, e leia e releia diariamente, até que as palavras nela escrita sejam como oração antes de dormir. Guarde-a e, a sete chaves, destranque-a quando houver perdido a saudade. Saudade, se é saudade, não acaba, que nem amor. Afinal, vossa mercê só se sentirá livre de si mesmo quando tiver a mim por perto novamente, e ninguém sabe quão longe estará minha chegada, prevista para as oito de um dia qualquer desses. Minhas últimas palavras antes da despedida via correio, ora que eu iria ver-te cara-a-cara, são que se cuide, se alimente corretamente e faça exercícios regularmente. A saudade boa é saudade saudável. Não faça-me sair de onde estou para acolher-lhe. Já não basta que tenho meus problemas com você aqui grudada em mim. Em mente. Peço-lhe que me desculpe a demora de envio, minha caneta borrou e minhas costas reclamam do trabalho árduo de escrever. Embora a distância quilométrica, meu pensamento está aí, e o seu, cá. Sinto sua falta, Saudade, e sei que sentes a minha. Não engana-me com teus papos de sempre dizendo-me que vai quase sem mim, ora que você não vai a lugar algum sem mim. Como nos bons tempos, sinta-se abraçada e olhada, com aqueles mesmo olhos cujo são machucados por ti, Saudade que me mata. Saudações e lembranças, de sua velha amiga,

Luciana Pontes

domingo, 2 de novembro de 2008

Amor meu

Há uns dias atrás eu estava completamente apaixonada. Por ninguém. Sim, por humano algum meu amor se caía. Nem animal. Nem qualquer espécie que possamos tocar ou sentir. Só sei que eu desenhava corações por onde podia e pensava no amor, este eterno. Não sei qual sentimento que era, se é que era, mas sei que eu sentia. Hoje acredito que era apenas felicidade. Aliás, não apenas, e sim, muita felicidade. Às vezes chego a pensar que seja aquele menino novamente, mas falando ou não com ele, meu amor permanece, amor que nada é. Hoje já não me preocupo mais com as horas, nem com o tempo cada vez mais corrido, nem com a sinaleira que não abre e nem com o dia e a noite. Eu não me preocupo com nada, eu só amo. Amo tudo e ninguém. Amo todos e nada. Realmente, eu amo sei-lá-o-que. Há uns dias atrás eu era apaixonada, e agora passei a amar. Ainda que eu pudesse me salvar de tanto amor, sem amor eu nada seria! Porque, cá entre nós, certas coisas são inevitáveis. E nada mais aventureiro e emocionante e inevitável e certeiro do que ele, amor. Deve ser por isso que eu amo. Eu me amo. Eu não te amo. Nem sei quem você é. Por este motivo que meu amor é intocável e insensível por outros. Os outros são os outros. E eu amo tudo e nada. Menos os outros. Aliás, quem são os outros? Quem é o amor? Não sei, mas eu sinto. E como sinto. Muitas vezes aumenta, outras diminui, mas está lá. Sempre. Eu quero apagá-lo nos meus momentos de pouco sentimentalismo. Mas não há borracha que o apague. Ainda que eu pudesse viver sem ele, sem amor eu nada seria. Aliás, quem seria? Eu é que não. Nem você, juro. Então que ame. Ame você, ame os outros e que todo mundo se ame. Tudo estará muito bem. Ou pelo menos, apenas bem. Porque certas coisas não temos escolha, o meu amor é uma delas. É sem escolha, mas eu escolho tê-lo. Vivo bem melhor ao lado dele. A felicidade desde então só me persegue, certas coisas também andam juntas. Há uns dias atrás eu era muito apaixonada, hoje sou apenas apaixonada. Nada melhor do que isso.


Luciana Pontes