terça-feira, 29 de setembro de 2009

O que você irá lembrar? - Internet -

Quando, daqui há uns dez anos ou vinte anos, você estiver curtindo um feriado sozinho ou acompanhado, sentado em uma cadeira à beira do mar, ou talvez no assento de um avião (viajando para o Texas, não sei por quê), o que passará pela sua cabeça?

Chutando uma previsão do futuro, digo que não será na conversa econômica que você teve com o dieguinho_mlkpiranha_171@nãoseioque, nem será aquele BabAdO que a Maria Chiquita contou-lhe virtualmente nos idos de dois mil e tantos, e muito menos nas horas que você passou navegando a deriva no seu facebook/orkut/msn/twitter/ego/odiaboaquatro. Pode ser que se lembre de boas risadas dadas em frente ao pc, de uma boa conversa com velhos ou novos amigos e das grandes postagens do seu blog, enfim, coisas passageiras, mas que não foram em vão.

Você deve estar pensando, "olha quem falando", mas não é bem assim. Procuro passar o tempo somente necessário atualizando meu blog e meus e-mails, protegendo o computador dos insuportáveis vírus e trojans, fazendo pesquisar e, sim, por mais incrível que isso possa parecer, estudando.

Se você for dos navegadores atentos, verá que houve uma baixa na euforia do orkut e de outros sites basicões. Acho que todos nós deveríamos aproveitar essa baixa. Sair um pouco, sabe, e deixar um horário reservado para nossa utilização e atualização tecnológica na frente do seu (provável) Windows.

Não vou-me expandir muito, até porque este assunto é batido e eu não sou um grande exemplo de salvação. Mas, se você não estiver doente e estiver animado, faça outras coisas... Não precisa nem sair de casa. Quem sabe tocar aquela velharia chamada cd, ou ler aquela papelada chamada livro, ou (hahahaha - gargalhada fatal) gastar dinheiro à-toa ouvindo vozes através do telefone residencial.

Sua vida está monótona?
Não é anunciando isso no Twitter que ela irá mudar.
A internet distancia as pessoas. É só abrir os olhos e você verá. Cadê aquele tempo com o cachorro? Aquela palavrinha semanal com a sua vó? Aquele almoço/jantar em família? E seu seriado visto por tv convencional? A vida, meus caros, nos foi dada para dela ser feita alguma coisa...

Agora tenho que ir, está na minha hora de tomar um explêndido café da tarde com a minha humilde família.
Vejo vocês no meu horário marcado de sempre, à noite.



Luciana Pontes

Desabafo sobre a decadência da vida humana na Terra.

Sua vida será fabulosa se você olhar para fora da sua janela e ver que há muito mais além dos 140 caracteres do Twitter.


Luciana Pontes

domingo, 27 de setembro de 2009

Homem-luar

I

Jazia lá a Lua
Meio morta e meio nua
Sombria ao fim da noite.

Havia quem lá morava
Na Lua que amava,
E via a Terra no sonoite.

Era um pobre sozinho
Que fez da Lua o seu ninho,
E fugia da Terra, do açoite.

II

Vivia em paz, distante
Tinha sonho de amante,
Tinha pele estrelada.

Meio astro, meio humano
Uma mente de cigano,
Só, na sua Lua amada

Na Terra deiraxa um caminho,
Meio junto, meio sozinho,
Mas sem boa estrada...

III

Achou na Lua o seu sonho
Agora vivia risonho,
Mas de coração apertado.

Toda a solidão do infinito
Mostravam-no quão bonito
Era seu mundo encantado.

Agora, vivo e estonteante
Ele era um cometa errante,
Que espalhava o azulado.

O homem vivo na Lua
Voltava à vida crua,
E levava consigo um brilho estrelado.


Luciana Pontes

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Antes que o sol nasça VI

Antes que o sol nasça - Apenas um momento de loucura da garota que escreve.
(texto maluco)


Conto do Pastel


Peguei de cima da bancada um pastel velho e murcho e o comi. O gosto era simples, azar...Uma mostardinha melhoraria as coisas. Mas não havia mostarda, assim como não havia catchup nem qualquer outro condimento. Eu passava por uma fase difícil, pouca grana, carnês, empréstimos e outras dívidas que privavam alguns dos meus requintes. Eu teria que me acostumar com os problemas da vida. A falta de mostarda na minha casa era um, e dos grandes.

Meu pastel estava pela metade. Minha saliva havia cumprido seu trabalho até umas mordidas atrás, mas meu corpo sentia falta de algo mais picante. A imagem de uma mostarda flutuava pela minha mente, meu organismo gritava por sabores e minhas costas coçavam, eu suava, minhas mãos ardiam...

Eu encarava o pastel como um inimigo. Ele queria guerra, então teria. Era uma questão de honra vencer a secura dele e digeri-lo, mesmo com desgosto. Um guerreiro não pode-se mostrar fraco. Eu o mordia e ele gritava, "tempero, tempero", mas eu o calava com mais uma dentada. E ele era dos grandes, dos fortes, acho que era um dos líderes da pastelada...

Mas, como já era de se esperar, minha boca começou a amolecer. Meus dentes não fechavam em torno do resto de pastel e minha língua havia caído. Eu teria que mudar de estratégia. Meu cachorro me olhava, ele sabia que o momento era de tensão. Eu olhava para os lados, procurando por ideias e ajuda. Não conseguia dar nenhum passo, tinha sido tomado por uma paralisia instantânea. Mas ele havia de ceder...

O relógio tictaqueava na parede do lado, eu sentia a cozinha me comprimir e o chão ferver, mas eu continuava na luta. Faltavam duas mordidas. Eu tentava ficar longe da luxúria da mostarda, mas o pecado me consumia. Eu encostei meus dentes na casca mole que me sobrara e fechei meus olhos, "só mais essa".

Dei a mordida. Agora só faltava uma. Eu já me sentia a Eva tendo que dentar a maçã da árvore proibida, eu me sentia como Julieta ao ver seu Romeu morrer aos seus pés, eu já me perguntava o porquê d'eu ainda estar vivo... Minha vida se resumia a comer mostarda, só podia ser isso.

De repente, enchi-me de coragem. Eu tinha um caminho trilhado a minha frente, nada podia me deter. Meu pastel murcho me dava náuseas, mas havia um ideal no qual acreditar: a salvação pela mostarda, mesmo sem ela. Num gesto ousado, levei o último pedaço a boca. Não mordi, não era hora de sacanear o inimigo. Respirei o ar que me faltava e engoli. O pedaço trancou na minha garganta.

Um segundo depois eu estava jogado ao chão, chacoalhando-me em busca de ar! O maldito pedaço tentava me matar, preso no meio da minha goela. Meu cachorro me olhava e lambia sua região pudenta, "imprestável!". Minha visão estava ficando nublada, meu pulmão se comprimia, meu corpo parava... Meu coração...

Perdi a batalha. O pastel sem gosto perdeu também, mas me levou junto consigo. A mostarda, que sempre mostrou cumplicidade e sempre foi meu único caminho, me abandonou, enfim. Meu motivo existêncial me traiu!

De que, então, valeu todo o trabalho da minha vida?


Reflita.




Luciana Pontes

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cai o pano

Encerra-se a peça, apaga-se a luz num fechar vagaroso e cai o pano.

E por detrás das cortinas, os jovens atores caem também ao chão. Suas falas decoradas já voam pela plateia que corre porta afora, jogando uns aplausos. Cansados e deitados no piso, eles que deram sua vida à arte olham para o teto. Já confundem quem é o que... Já são personagens que encenaram.
Incrustaram a dramaturgia tão fortemente que agora embaralham pensamentos com roteiros. São loucos expostos, são almas penadas, são artistas. Os elementares espectadores, ora entediados, nada entendem e partem à procura do fácil. Outra peça, outra história, outras cenas perdidas.
Os atores, que o diretor os tenha, pingam esperança pelos poros. Esperança, esta velha, que ronda e assombra os palcos esquecidos. Humanizam a fantasia e ironizam a vida, gênios apagados. E por detrás do pano que caiu, os deitados se acalmam. Muito esforço terá de ser feito para erguerem-se, terão de permanecer no chão. No chão que os salvou, no parquet que os juntou e em cima do muro que os acolheu. A espera pela vida já faz sentido.
Jogados aos canhões de luz, aplaudidos pela última alma que os rodeia, os muitos guerreiros dramaturgos se olham: Talvez a vida seja mais que um palco.
Um que sai pela porta dos fundos, corre. Corre a toa, pois o seu mundo resume-se ao teatro. Encontra a verdade da rua e volta, há mais aventuras enquanto encena. Vê o seu mundo encantado, idealizado na troca de figurino, perdido em meio a pessoas cabisbaixas. Não capta o olhar do curioso, mas que falta faz este curioso, que morreu tempos atrás. O homem humano extinto, aquele que procurava em si certa arte e não tinha medo de a sentir. O jovem ator, o boêmio, volta a sua posição original: "Se é no chão que o encontraste, é no chão que o verás no final!".
O pó que os abençoa, agora explode em seus olhos fazendo lágrimas escorrerem. Trancafiam a porta e deixam todos ali dentro, como se através da cortina nada existisse. E nada existe, enfim. Os pobres apagam sua própria existência depois de tanto sentir o mundo como ele realmente é. E quando acabam por entender a porta fechada, libertam-se das correntes que os prendiam à realidade, alçam voo e sequer lembram-se da vida que aqui opuseram. Jazem mortos na Terra, mas vivos no espaço.


Luciana Pontes

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Decepção...pela terceira vez.

Eu não esperava que vocês entendesse. Só esperava que vocês acreditassem.

Vocês não sentiram os socos, os tapas e o medo. Não sentiram sequer o gosto do sangue na boca. Não viram uma pessoa aparentemente normal se transformar num monstro, seu coração explodir de raiva...E não sentiram...Não sentiram a dor do ferro nos ombros. Vocês não têm ideia da culpa que se pode sentir por ver uma pessoa mal por sua causa. Vocês nunca foram seguidos por três anos...Nunca escutaram ameaças. nunca tiveram que se reprimir e esconder toda criatividade do mundo! Não, não puderam sentir isso, por que são um bando de merda! Vocês não vêem uma pessoa só em todos os vultos nas ruas. MEDÍOCRES.

Sinto em informar que eu não sou como vocês, com suas ideias medíocres, críticas nada construtíveis. ME DESCULPEM POR NÃO SER TÃO CERTA O QUANTO PENSAVAM!

Eu não esperava que vocês entendessem. Só achava que o fato de eu dizer que é verdade fosse o bastante: primeiro porque vocês sempre acreditaram e apostaram suas fichas em mime segundo por que é essa a única prova que eu tenho. NUNCA dei motivo algum para que duvidassem de mim...E o que eu não entendo é porque vocês esperam que eu saiba o motivo dessas coisas, de tudo isso, que eu tenha a explicação perfeita para tudo.

eu só esperava que vocês acreditassem. É o mínimo e o máximo que poderiam fazer por mim. (MERDA).

(resumo: vão tudo se foder, amigos de merda).

Nathalie Netto.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Música

Arrepiei-me ao som daquelas notas musicais: Elas deslizavam pelo meu corpo como a água da chuva que outrora me molhara. Havia na suavidade da voz do cantor a calmaria que eu merecia. Havia o erro e o acerto entre as sílabas e o ritmo musical. Havia a simplicidade que me faltava...

Deixei cair da caixa de som as letras que compunham a canção. Falavam de amor ou algo parecido, não infinitos, mas momentaneamente eternizados. Àquela música escrevi um poema. E o poema guardei, para dias mais felizes.

Então, quando o canto do homem cedeu, a suavidade da sua voz riscou meus tímpanos e o ritmo perdeu seu compasso, eu desapareci. Aquelas notas que antes me acalmavam, levaram consigo a minha essência. E aos desejados dias de alegria, que uma vez fizeram-me sonhar, deixei minha marca simplória de adoração: Um pedaço de papel manchado, com meu poema grafado e minhas histórias no chão.


Luciana Pontes

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Clima

Quando aquele vento vivo bate no seu rosto, você não sente o mundo girar? Quando o caminho a seguir te mostra uma saída, você não corre? Quando sente que agora é vida, você não para para pensar?
É...
Quando a tudo se tornar apenas simplicidade, nada mais será contestado: Nem o medo e nem a dor; nem o perfume apagado da rosa; nem a velocidade do vento que embaralha os cabelos; nem a serenidade de uma face honrosa;
Nem mesmo o tempo que a vida leva para se tornar maravilhosa...



Luciana Pontes

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

De repente o horizonte plano é uma linha quebrada.
De repente o sonho bronzeado é uma névoa pálida.
De repente a vida, antes amarga, decide trincar seu rumo e mudar meu caminho...


Luciana Pontes

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Abra-os

Não feches teus olhos. Não, o dia está claro, está começando. Mantém-te fora do sono, do pesado sono, que tenta te levar toda hora. Não te entregues ao mundo desconhecido. Fica e vê o vento balançar as árvores. Levanta-te da cama, do sofá da sala, sinta o perfume de novos ares. Não, não feches os olhos. O dia é uma bênção, uma sublime criação. Olha com gosto a claridade que te cerca. Sinta o calor do solo, a brisa que o suaviza, o horizonte ligeiro e distante... Olha com teus olhos e não os feche. Há muito que ver, há muito que contar e não é tempo de encerrar a luz que te acompanha. Mantém-nos abertos, muito há para te encantar. Agora, acorda e vai-te ir mais além daqui, há quem te espera do outro lado. Vamos, menina, está na tua hora de continuar a viver.


Luciana Pontes