terça-feira, 31 de março de 2009

Acabou março

Infelizmente finalizamos o mês com poucos textos. É, a agenda tá lotada e a noite já não é mais uma criança. O cansação tá batendo, tanto em mim quanto na Nathalie, e tá difícil vir aqui e libertar a mente.
Tentaremos!
No mas, tudo certinho, muito treino, chegando tarde... É isso, people. Fui.


Luciana Pontes

sábado, 21 de março de 2009

A entrevista


Num momento de loucura, gritei alto uma pergunta. Ninguém me respondeu. A repeti bem baixo, numa voz quase inaudível:
- Por que não há ninguém aqui?
- "Porque você não permite". - Alguém falou.
- Quem é você para falar uma coisa dessas?
- "Ainda não é tempo de descobrir quem eu sou, mas, por via das dúvidas, não se mexa."
E eu não me mexi, mas disse:
- Posso te fazer algumas perguntas?
- "Já fez várias..."
Peguei um papel e uma caneta.
- O que você espera da sua vida?
- "Gosto de pensar que será tudo bom, independente da onde eu vá parar no futuro."
- O que mais te dá medo?
- "Pensar no fracasso é uma coisa que me deixa sem sono, mas não gosto de palhaços."
- O que te deixa feliz?
- "Liberdade me dá alegria. Quando sinto que me libertei, imagino que tudo é alcançável."
Pensei um pouco nas suas respostas, todas um tanto esquisitas, mas familiares.
- Qual seu sonho de consumo?
- "Não sou apegada a coisas materiais, meu sonho é tudo aquilo que será eterno."
- Defina, então, eterno.
- "Minhas palavras são eternas."
Parei de escrever e levantei a cabeça. Algo me tocou profundamente.
- Como você está se sentindo agora?
- "Com dor na mão de tanto escrever."
Me assustei.
- Agora você já pode me dizer quem é?
- "Claro, vire-se para a direita."
Eu virei e me deparei com a coisa mais chocante da minha vida. Ali, agora na minha frente, estava minha própria imagem refletida num espelho.


Luciana Pontes

segunda-feira, 16 de março de 2009

Antes que o sol nasça

Texto fictício.

Numa noite calorenta de inverno, meus olhos arregalados de cansaço me faziam pensar errado. Com meu cabelo no chão e meus pés no teto, corri lentamente até a cozinha. Tomei banho. Vesti meu vestido de gala, me maquiei com leite de colônia e me joguei na cama. Tentei sonhar acordada, mas só conseguia dormir sem sono. Abri meus olhos e meu vestido apertado. Depois de um dia curto e corrido, tentei por longas horas andar até onde não consegui chegar. Tudo bem, mal mesmo seria se eu desistisse de desistir... Levantei, peguei meu pijama e coloquei no cabide: ontem teria festa se hoje não fosse amanhã.
Sonolenta e rígida me olhei no espelho. Rugas de juventude e um delicado ar de velhice se destacavam na imagem. Pensei "aposto que eu sou bem diferente disso". Fiz um coque com o cabelo e enchi de spray, retoquei o rímel... Nada como se sentir a vontade para dormir. Voltando para a cama, acendi a luz, desliguei o abajur, fechei meu livro e coloquei os óculos.
Botei o travesseiro sob meus pés e dormi com a cabeça pra fora. Já era de amanhã e a lua ainda não tinha saído, o sol já tinha se posto, e eu não estava me sentindo muito boa para tomar grandes decisões. Ando meio sem certo e errado ultimamente, mas isso não tem muito problema no estado em que estou.


Acho que devo parar de usar drogas...

Luciana Pontes

terça-feira, 10 de março de 2009

Uma revolta

Eu não vim aqui pra repetir o que já foi feito. Não, não. Eu não nasci pra dizer o óbvio. Eu não quero que tudo seja igual. Não mesmo. Eu sou o diferente, eu amo o diferente. É minha vida. Eu não vim pra Terra para ser mais uma. Eu não quero ser medíocre, não, não, eu quero ser lembrada. Me achem tola e exibida, me chamem de errada, mas eu não cresci pra ser para sempre criancinha. Que isto soe o pior possível, mas eu defendo a diferença. Diferença de cores e vidas, eu não ligo, eu gosto disso. Dizer o que não foi falado, criar novas rimas. Saber fazer de tudo um pouco, ter argumento e até mesmo convencer. Eu não vim pra cá pra ser presa. Eu vim pra falar e me libertar. Pra ser esperta e usar muito bem a esperteza. Eu vim pra deixar marcado. Minhas ações e falas, meu jeito de vestir, tudo diz de mim o que sou. Não tenho tribo nem seguidores, então sou só. Existem pessoas do meu lado e contra mim. Ok, isso acontece. Minha força também se esgota, mas meu pensamento não. Ele não para, nem eu paro, nem o mundo para, e eu nem permitiria que isso acontecesse. Não, eu não vim pra deixar tudo normal e amenizar a situação. Não vim pra quebrar o barraco e resolver na porrada. Eu sou a entrelinha da opção. A tecla escape. De duas eu sou a terceira, a que não existe, mas eu mesma me inventei, e é isso que importa. Eu não sou quem pode dizer-se normal. Não, não, anormal também não me define. Minha mente voa, minhas ideias voam, eu voo se quiser. O mundo também é meu, e eu também posso mudá-lo. Ou destruí-lo. Mas quero a minha paz e a paz de todos. A diferença na medida certa e o impossível. Deixar registrado minha vida em qualquer página riscada. Não, não, não sou dessas que joga fora. Cada pensamento meu vai e fica. Eu não idolatro, se for para amar, eu amo, e será verdadeiro até quando terminar. Eu quero sempre o improvável. Para mim o mundo não é tão perdido assim. Pelo menos o meu mundo. Sim, sim, eu sou o diferente. Sim, sim, eu faço a diferença, e ninguém sabe. Ninguém me conhece, eu sou ninguém. Mas onde estou sentem minha falta. Eu não sou nada e sou tudo, e tudo pra mim pode ser nada, mas o diferente é sempre diferente. Não, eu não tenho o QI mais alto do mundo e não a sou inteligente. Eu sou o que ninguém é. Eu sou a controvérsia e a moral alternativa. Eu sou o ponto final que não foi escrito numa frase.

Para: Nathalie de Souza Netto.


Luciana Pontes

segunda-feira, 9 de março de 2009