segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Um dia na sua vida

De repente minhas conversas não rendem mais e minha brincadeira não tem graça.
De repente meu coração acompanha as batidas da música que eu ouço.
De repente todos os meus planos voam pela janela, para sempre.

As palavras estão perdidas, tudo está perdido; não há nem um sonho.
Mas eu sinto que posso mudar isso. Talvez mais uma loucura na minha vida, talvez uma exaltação do meu egoísmo e nada mais, mas eu sinto. Eu sinto que posso fazer as coisas se resolverem.

As informações boiam na água, tudo balança, nada tem sentido... E de repente a repetição da canção não me incomoda. Quero que toque, que a música toque sempre, para acalmar minha fera indomada, minha vontade de mudar tudo agora, mesmo sabendo este "agora" é inalcançável.

Meus planos despencam, minha cortina se fecha; mas pode ser que tudo isso seja um exagero da minha parte. Quem sabe, vivendo, eu acabarei por esquecer tudo e todos, e deixar que o ano role sem rumo? Quem sabe 2010 será feito para minha solidão?

Mas ainda uma fagulha de esperança me persegue. Esperança, instante devasso, que faz com que meu sonhos flutuem sobre mim, podendo eu apenas tocá-los de leve.

Embora as cortinas estejam fechadas, minha força interna diz que elas devem ser abertas, e serão, eu as abrirei.

Nem cedo, nem tarde.

No momento certo.


Luciana Pontes


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Texto pobre sobre famosos

Não vejo nas pessoas aquela vontade de "ser para sempre" (individualmente falando). Não no sentido existencial da frase, mas no sentido histórico. Vejo estrelas relâmpago, flashes de fama, pseudo-cantores com uma música clichê e nada mais (mas, quem sou eu para falar deles? Sou uma reles mortal, e bem mortal, que só escreve num pequeno blog). Sempre penso em não levar aos extremos minhas opiniões, por isso, agora mesmo, estava procurando no youtube as novas músicas da galera. Não achei nada que me agradasse o bastante para baixar, mas valeu a pena para conhecer o pessoal.
Quando falei sobre eternidade, acima, quis dizer que o instantâneo é o mais procurado. As pessoas, não muito longe da realidade em que vivemos, preferem "errar" para chamar a atenção, transformando-se, assim, numa celebridade de micro-ondas. Contudo, existem, sim, famosos que serão lembrados daqui a muitos anos (e, acreditem, não apenas por seus escândalos), porque talentos hão em toda parte, a questão é se são bem aproveitados.
Não acredito, porém, que gênios da música, literatura, pintura, etc, etc, tenham conseguido rapidamente sua fama. Garanto que só foram lembrados postumamente, como acontecia muito seguido antigamente. Então, muitas vezes fico-me perguntando se não é melhor estudar e conhecer muitos artistas antes de fazer alguma coisa que chame a atenção; Claro que não me refiro só aos grandes e eternamente consagrados nas áreas artísticas, há alguma gente que deve ser ouvida e respeitada...
Espero que eu não seja a única que defenda o pensamento de inovação na área famosa. Talvez nos falte artistas de verdade.

(o texto ficou muito podre e eu não consegui me expressar bem, eu sei)


Luciana Pontes

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Neutra

Hoje acordei neutra.
A minha resposta pra tudo, hoje, é não sei. A maioria das minhas vontades balançam entre o sim e o não. Quando acordo nesses dias, preferia ter acordado negativa, porque quando se nega, pelo menos, é certo no que se faz; mas quando não se tem nem forças para negar, daí, meu amigo, é melhor dormir e esperar que tudo se faça sozinho.
Como nada se fará, será um dia podre. Um dia neutro.
Obrigada.


Luciana Pontes

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Nós dois agora

Talvez não estejamos falando de nós dois agora. Talvez as indiretas não sejam para mim, e as minhas não sejam completamente para ti. Ah, mas que sonho é e será se forem de mútuo agrado. Isto é, se te agradar a minha adoração por ti.
Talvez nossa proximidade tenha nos afastado...



Luciana Pontes

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Café da manhã macabro

História verídica, ocorrida lá pelos idos anos de 2003;


Certa manhã, como de costume, fui acordada pela minha mãe e me encaminhei até o banheiro. Enquanto fazia uma rápida higienização matinal, ouvi, da cozinha (onde, agora, se encontrava minha idolatrada mãe) o seguinte seguimento de fala:
- Coloquei pra ti "nanana" limão "lalalalalalalalaá" não tira!
Desacordada demais para pedir o repetimento, deixei por estar.
Segui até a sala, onde sentei-me à mesa e pus-me a desfrutar de um pedaço de pão acompanhado de seus 'frios'. Ao lado do meu prato se encontrava aquele delicioso leitinho gelado com Nescau, sabor que marca a infância. Peguei o copo e bebi meu primeiro gole achocolatado. Senti o gelado descer pela minha garganta, acompanhado por um gosto horrível. Era como se eu estivesse bebendo o suor de um pântano podre, ou talvez a poça de água mais suja de Porto Alegre, ou então a urina de um velociraptor velho... Era o gosto da morte na minha boca... Mesmo assim, tomei mais um gole. Pude, dessa vez, sentir o sabor de gotas de limão no leite e concluí o que estava acontecendo: Mamãe havia colocado limão no meu leite com Nescau, e era isso que ela havia me dito aquela hora; daí provinha o gosto do Apocalipse azedado. Sempre acreditei na mamãe e no papai, portanto, não havia dúvidas de que a resposta era aquela. Tomei mais uns goles.
Minha irmã chegou a mesa e pegou seu copo. Antes que eu pudesse avisá-la de qualquer coisa, ela já estava cuspindo tudo na toalha:
- Mas que coisa terrível!!!
- Déia, não fala assim... A mamãe colocou limão no nosso leite. - Tentei acalmá-la.
- Que limão o que Luciana, deixa de ser doida!!! - Não acalmou-se Déia.
- Bebe tudo isso aí e não reclama! Deve ser alguma receita nova da Ana Maria Braga - Coloquei-me, finalmente, como a irmã mais velha dela.
- Ahh não, eu não vou beber essa coisa nojenta... Pensa bem, Lulu, parece que tá podre! Vou lá levar pra mamãe...
Ia levantando-se minha irmã quando eu a interrompi:
- Déia, pelo amor de Deus, se a gente não gostar a mamãe vai ficar uma fera!!
- LUCIANA EU NÃO VOU BEBER ESSA COISA HORRÍVEL! - Tomou as rédeas minha irmã mais nova.
- Então vai lá... Eu vou tomar mais um pouco pelo menos... - E mergulhei-me em goles grandes e nojentos, até que mais da metade da parte superior do copo estivesse vazia.
Minha mãe, ocupada com seus afazeres domésticos logo pela manhã, não sabia de nada daquilo. Ouvi, então, a conversa das duas, minha irmã e ela, na cozinha:
- Mãe, bebe isso aqui e me diz o que tu acha... - Propôs docilmente Deinha, e esperou que minha mãe provasse.
- Aaaaah meu Deus do céu, que horror! Arghh - Respondeu mamãezinha querida.
- A Luciana disse que tem limão aí e que a gente tem que beber tudo! - Acusou-me a irmã.
- LUCIANA DEIXA DE SER LOUCA AQUI NÃO TEM LIMÃO! - Brandou mamãe para mim na sala.
- Mas tu disse que tinha! - Entrei na conversa.
- Para guria, esse leite tá azedo! - Retrucou minha amada mãe vindo até a sala - Meu Deus e tu ainda bebeu quase tudo...
- Sim... Eu nem tinha percebido nada demais - Menti. - E, afinal, cadê o limão?
- Eu disse que tinha colocado biscoitos de limão na tua mochila pra escola, guria!
Incrédula, levantei-me e fui despejar o resto do meu copo na pia.
Ninguém falou mais nada.
Fui para a escola e não passei mal. Mas o sabor da morte no meu copo com Nescau persegue-me até hoje. Deve ser por isso que acredito no café, todas as manhã, mesmo que nem sempre ele me ajude a continuar o dia.


Outras histórias verídicas:
Desastre da Margarina
O maníaco da pipoca
Conto de rua
Antes que o sol nasça VII
Antes que o sol nasça VIII
O que aconteceu comigo



Luciana Pontes