quinta-feira, 23 de julho de 2009

Antes que o sol nasça V

Antes que o sol nasça - Apenas um momento de loucura da garota que escreve.
(Leia em tom sombrio, lento e ritmado)

Homem do diamante

Suas ideias são pulsantes
São velozes, são errantes
Ele quer é acordar;
Do seu mundo tão perdido
Doce real, iludido
É brilhante seu olhar.

Sua cabeça está refeita
O oceano é à direita
Ele veleja sem um rumo;
Ao som do mar rouco
Só lhe resta mais um pouco
De ar para consumo.

Mente aberta, já é pura
É tão clara quanto escura
Um homem ao mar!
Ele nada ofeguante
Ao longe, o diamente
Que ele vem a procurar.

Nada forte e bravamente
Seu tesouro, novamente
Brilha a céu aberto;
Coragem, homem, a água é fria
Ao longe o sol logo se cria
E o fim está perto.

Ele alcança seu destino
Pobre homem, clandestino
Aguarrou-se à terra firme;
Seu veleiro, longe afunda
Ó meu Deus hoje é segunda
E não há o que fazer;
Seu tesouro não se encontra
Sua vida é do contra
Sua mulher se afagou;
A profecia foi quebrada
Foi tão longa sua jornada
E no fim, não acabou;

Logo acima do gramado
Da areia, do estado
Um bilhete lhe espera;
Ele chega perto de repente
E o lê descontente
"Você demorou, já era"

O que será de mim agora?
Pensa o pobre, nossa Senhora!
Mas que vida desgraçada;
Ele olha o mar distante
Seu horizonte, o diamente
Foi o fim de sua caçada.

Mas há um brilho que lhe chama
Ele é forte, ele o ama
Faz o homem o olhar;
É seu diamante querido
Ao lado de um sumido
Um antigo traidor;
Um homem da trapaça
Da vida, da desgraça
Da sede e da dor.

Aquele velho covarde
Morreu, antes tarde
E deixou seu tesouro;
O homem, antes iludido
Agora é tão querido
Pula alegre e sonhador;
Pobre homem não percebe
Que ao seu lado o que procede
É um belo de um horror.

O diamante quer sua vida
E entre seus dedos, escorrida
Está sua alma sem cor;
Um suspiro de medo
Acabou-se o segredo
Só sente-se dor.

O veleiro afundado
Um velho encapuzado
E a alma do caçador;
Tudo morto, está frio
O mar já é um rio
De sangue e de terror.
Acabou-se toda a história
Nebulosa minha memória
História de pescador...

Hoje o tesouro é sabido
Soterrado e perdido
E é melhor que fique assim:
Para um mar que é tão bonito
Longo e fundo, este mito
Já é velho para mim.

E antes de ir, não se esqueça
Clareie sua cabeça
Ou acabará como o condenado:
Obsecado pelo fogo
Amante do jogo
Esquecido e abandonado.






Luciana Pontes

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