quinta-feira, 16 de julho de 2009

Amor de lua

Amor de lua

À sombra do mundo, em meio ao mais completo desapego, eu o encontrara. Tão leve e só, homem e só, e escondido do pânico daquela era perdida. Desfigurara a imagem do tempo, escuro e vazio, e abalara as estacas da dor, apenas pelo andar certeiro e centralizado... O homem. E não somente pelos frescos pensamentos pueris e pelas formas irreais do corpo, também a face de anjo purificara meu ar. Aquele anjo da noite, tão mau quanto eu e tão humano quanto o destruidor, havia alegrado meu mundo e me salvado de um futuro cruel.

Distante da natureza fria, ele que vivia só - pobre homem - acabou por apaixonar a menina que passava ao seu lado. E seu cheiro, perfume das flores já mortas, sussurrava ao pé do ouvido da moça que tentava colher a paz em vão. Sua loucura destemida de guerreiro sozinho e arrogante, (ora, era só a de um menino sem pais) impressionara a pobre que o ouvira andar. Homem, e que homem, de alma. E, em razão contrária àquela mente impura, (mas leve e tão humanizada quanto a nossa) ele era tomado pela beleza de deuses.

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Em meio à turbulência, naquela voz encontrei o mais leve soar de sinos, provindos da igreja mais simples do mundo (admirável beleza natural). E naquele gosto, um leve toque doce - e que doce - tal qual mel não chegava aos pés. Ao mesmo tempo em que, naquele rosto com uma leve sombra de luxúria, meus olhos acabaram por se perder de mim. E naquela paixão simples e perdida, sempre um riso de dentes de lua.

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Havia, então, surgido um amor que nos chegara aos tempos finais, que nos sugara as últimas forças e secara as últimas lágrimas agonizantes. Eu havia me perdido naquele rosto, a face das faces - a perfeição para mim - enquanto meu tempo passava (como num paralelo contrário ao dele). Meus cabelos caíam correndo à velhice, minha pele ficava amarelada e cansada; E, tal qual o mundo, eu estava menor a cada dia. O tempo acabava enquanto ele crescia cada dia mais jovem, sem futuro, porém. E, ao término de nosso tempo de amor infinito, havia-nos restado, contudo, uma maldição: Minha humilhante vida ao lado dele e para sempre, como se nosso tempo continuasse infinito.


Luciana Pontes
16/07/2009

3 comentários:

  1. Que profundo!

    Ás vezes parecia que a paixão era por um prícipe e outras pelo vilão, comofas?

    Beeijo

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  2. Ola Luciana, boa noite, muitoo lindo esse texto,bem trabalhado nas palavras :]

    passa no meu e deixa sua marquinha, ficarei muito feliiiz, com sua visita :**

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  3. tá lindo luh (: vou te linkar no meu (: beijosss

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