segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Antes que o sol nasça VII

Antes que o sol nasça - Apenas um momento de loucura da garota que escreve.
(texto verídico)


Estudo Filosófico Analítico, Absoluto e Cosmológico Sobre Comportamento Humano e Epistemologia Ética.


"Eu descia as escadas, indo em direção à mesa, para sentar-me e comer o café da manhã. O pão, que sempre acompanhou, não me apeteceu muito, então fiquei só no café. Ah, o café, que inicia meu dia! Bem sentada na minha cadeira de sempre, estiquei o braço para pegá-lo
Calculando a distância entre os dedos, a fim de não tostá-los no calor do líquido, encostei a mão pela primeira vez na xícara. Ela estava morna. Nem quente, nem fria. Morna. [A pronúncia da palavra já mostra sedentarismo; morna, um som flácido que cai e num pluft se espalha pelo solo todo, jogando banha para todos os lados e grudando para sempre no chão] Mesmo incrédula, experimentei. O café descia pela minha garganta quando notei o que havia feito. O líquido era tão morno quanto a xícara o segurava.
Pensei em diversas coisas. Jogar tudo fora, aquecer, esquecer, comer só um pão. Mas não, entrei em completo choque e nada mais fiz. Eu só conseguia beber e beber, como se só me restasse isso na vida.
Foi então que tomei a maior decisão de todas, me levantei. Peguei, num impulso, a xícara e a toquei dentro do micro-ondas, o exorcista. 30 segundos de tensão. O piii, pii, anunciou minha vitória. Regatei-a de dentro do micro e senti-a em seguida. Estava pelando. Era tudo um jogo de opostos... Eu aceitei o desafio. Rapidamente voltei à mesa e coloquei-a em seu ponto estratégico para observação. Em um primeiro momento tudo certo, bebi. Estava horrível, quente demais e sem gosto, morto. Matei o café. [Uma letra separa o meio-termo horroroso do fim trágico. Tanto morno quanto morto não servem para café, servem para um chá e talvez uns pedacinhos de bacon cru]"

Agora, meus amigos, eu conto a vocês o porquê de tudo isso. Releia o texto de uma maneira mais conotativa. Sinta a profundidade das letras que se seguem, a sonoridade das sílabas, você consegue?

Meu caros, a vida é um café. As pessoas podem ser comparadas ao café que tomei esta manhã. Aí está um raro e belíssimo exemplo de auto-conhecimento, psicologia e, principalmente, filosofia. Ficou claro que eu não gosto de pessoas lentas, que empurram tudo e deixam para depois.
Outro ponto, magnificamente exemplificado acima é o fato de tentar mudar as coisas. Vocês conseguiram perceber? Tentei mudar o destino pesaroso da minha humilde bebida. Tal foi minha surpresa quando, por uma lástima indecifrável, matei-o! Estraguei meu cafezinho com leite, mas levei uma lição para a vida toda.

Carpe Diem.


Luciana Pontes

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