quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Éramos mais...

Nós éramos mais criativos. Contávamos, todos os dias, histórias diferentes. Possuíamos os dons de escrever, de falar, de gesticular e de ser como ninguém mais os possuía! A manhã nascia com o sol cintilante, e nossas mentes (abertas) voavam para bem longe. Subíamos no barco que navegava pelas nuvens e traçávamos qualquer caminho pelo céu. E não havia qualquer empecilho que nos impedisse de alcançar o cume da criatividade. Toda manhã, versávamos sobre sermos nós mesmos em meio a multidão - o próprio ato da descoberta de si talvez fosse nossa maior arma de criação. E toda tarde inventávamos quem quer que fosse para nos descrever, e vestíamos as vestes de quem sempre fomos! Uma eterna consciência sobre a vida, limitada à idade da juventude. E em nossa viagem de emoções e fantasia, talvez tenhamos nos perdido em meio a tanta imaginação.

Quem sabe um dia, quando voltarmos a tocar o céu e a plenitude, nossas cabeças possam encontrar um caminho parecido com o anterior. Por que perdemos tudo isso? Por que guardamos na gaveta nossos sonhos e nosso poder de criar? Envelhecemos e, veja só, somos muito menos do que éramos.
 
Hoje mal conseguimos lembrar de tudo. Nem chega a tocar-nos o sentimento que nos unia (aquele que fazia os olhos brilharem a medida em que crescia), simplesmente porque ele já não mais existe. Se, outrora, nossa própria companhia já satisfazia qualquer pendência nessa vida, agora nem mesmo a fé de todo mundo nos satisfaz. O que houve, meu Deus, o que houve? Éramos tão jovens quando juntos.
 
Havia os murmúrios nos corredores (a anunciar reiteradas cantigas à ociosidade) e o ar que tremia sobre nossa inquietação! Havia aquela loucura matutina, a qual somente antes do meio-dia se podia sentir, e toda a magia que se fazia a partir da criação de nossa vida. Ah, havia toda aquela idade em que a maior preocupação era com o tamanho dos cabelos, e toda a aventura de se ter essência de vida a sair pelos poros! Tudo como se jamais fôssemos dizer adeus...
 
E hoje nos recostamos às paredes frias... Hoje esperamos que a inspiração caia do céu como antigamente, quando, no entanto, só não mais a podemos ver porque perdemos nossa finalidade. Éramos tão jovens... Éramos tão criativos...
 
 
LUCIANA PONTES,
 
Inspirado na canção "As if we never said goodbye".
 
 

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