sábado, 2 de agosto de 2008

Certo dia [2]

Hoje eu acordei mal. Me sentia pesada, parecia até estar doente. Tinha vontade de desaparecer... Aquela mesma sensação que você tinha lá pelos seus treze anos. Pensei que nunca mais teria. As coisas mais sem sentido me deixavam com vontade desistir de tudo. O melhor que podia fazer era dormir. E foi isso que eu fiz. Não sabia o motivo certo dessa minha desistência da vida. Talvez o fato de minha vontade de patinar estar prestes a explodir de tanta saudade, ou que logo voltarei às aulas e todo meu pensamento retornará a ser sobre física e geografia. O resto eu tiro de letra. Quem sabe seja isso. Durante as férias sobra tempo para refletir. Tenho pensado muito, não que eu realmente queira, me esforço para pensar em outras coisas, ou branquear minha imaginação. Não tem jeito. Antes de dormir eu penso, coisa que há muito tempo não fazia. O que fiz durante essas férias para ocupar minha mente? Li. Li três livros e me ocupo com mais dois ao mesmo tempo agora. De nada adiantou. Entre uma linha e outra, entre as páginas viradas, eu me perdia e refletia sobre o que já estava guardado. Coisas profundas e ao mesmo tempo claras, momentos sem explicação e contos inventados. Vai saber. Eu juro que tentei. Eu tentei esquecer, apagar, puxar minha atenção para outras coisas, mas as vinte e quatro horas de um dia são muito para quando não há o que fazer. E eu não tinha. Assim que minha vida voltar ao normal (se é que o normal não é agora), voltarei a deixar de lado coisas bobas. Bobas ou boas? Nem eu mesma posso dizer. Muitas pessoas passam por isso e têm vontade de gritar, espernear, quebrar tudo. Eu acho que não conseguiria fazer isso. Meu lamento é silencioso, assim como minha alegria. Isto faz de mim uma louca? Nem Freud explica. A imagem que eu trago no Orkut, muitas vezes não é de toda verdadeira, imagino que a maioria das pessoas sejam assim. Por trás de sorrisos e fotos alegres há sempre algo que nos atormenta. Pode ser que scraps e momentos de risos sejam normais e reais. Ninguém é triste nem feliz sempre. No entanto do que nos adianta saber da vida dos outros, se mal a nossa sabemos lidar? Sabemos o que acontece mundo a fora para ter algo que ocupe nossas cabeças? Antes o problema dos outros do que o nosso, nesse caso. Finalmente, me despeço, está no hora no café. Depois que dormi a tarde toda acordei melhor. Continuo por um fio, peço que não me incomodem hoje.

Luciana Pontes

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