quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Verdadeiro lugar

Eu sei que lá fora chove, que lá fora é escuro, que o frio nos mata. Mas sei também que existem lugares secos e quentes, iluminados por pessoas.
Há dois meses atrás eu me achava aberta para o mundo. Há dois meses atrás eu também achava que tinha todas as respostas e a vida se resumia em fórmulas fracas. Nesse tempo atrás eu me imaginava no topo do mundo, mas só em sonho. Por mais que eu tentasse, algo me prendia, e eu caia e me desacreditava. Eu tinha certeza de que aquela era a única verdade... A famosa verdade verdadeira, a que não podia me enganar. Eu, que tentava me abrir para novos horizontes, via ferros na minha frente. Estava "atrás das grades". E o pior é que quem nasce "atrás das grades", tende a viver assim para sempre, pois não conhece o mundão aí fora. Se acostuma com esse mal viver e vive, sem certeza de nada e com uma força de passarinho. Quem nasce e cresce onde não se é permitido sonhar, não sabe o que é a realidade. Neste lugar obscuro, quando tem-se um sonho ele é capturado, amarrotado e cuspido de volta ao seu dono. Demora até perceber que o sonho não é este desleixo, e que muita gente aí fora quer vê-lo voando e se realizando. Podemos até entender que dê alguma coisa certa neste fim de mundo descuidado, mas nunca é realmente certo, sempre é capenga, é meio errado, é mal executado. Lá também não se tem conhecimento dos outros, afinal, que outros senão nós, os superiores? Droga.
Hoje esta frieza já não acontece, agora eu sou mais feliz. Eu sei que posso e acerto, e fico firme e de pé e danço e pulo e giro e não me canço, porque é melhor, o mundo é melhor. Agora meu mundo é encorajado, é sonhado, é amigo. Um mundo companheiro, fiel companheiro, e tende a ficar no meu lado, não contra mim. Nada de nadar contra a corrente, correr contra o vento, voar sem asas. Agora vamos a pé. Passo depois de passo, ao som de algo escolhido. E que pretende ficar, e pretende ser mais forte da próxima vez. Não sei o que será de mim, mas eu acredito, e continuarei acreditando por um longo tempo. Porque eu tenho todo o tempo do mundo e mais quatro minutos, e apenas isso já me faz outra, mas segura e acertante. E que o fim do mundo chegue, eu estarei de pé, valseando e acreditando, e descobrindo a verdadeira Luciana Pontes dentro de mim.


Luciana Pontes

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