terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Os verdadeiros rebeldes

Até que ponto eu devo aturar? Ainda não consegui acreditar que uma pessoa não consiga pensar em nada além de suruba e lanches gordurosos. A mediocridade está me condenando! Todo dia vejo meus professores levando desaforos para casa, ditos por alunos imbecis que provavelmente serão mais um pouco de povo no mundo. Agora, quando EU vou lá e mostro um bom trabalho, ou tiro uma nota alta, ou até mesmo viro os olhos para ignorâncias, sou condenada por todos os meros e iguais alunos da minha sala de aula. Puxa, será que ninguém se importa em fazer a diferença? Que não faça a diferença para o mundo, mas que não viva de um modo irritante e sem sentido. A escola me irrita porque me trata de um modo burro. Eu não sou burra, sinto muito. Mas não por saber matérias, decorar fórmulas, pensar bem antes de calcular e responder, estou falando da inteligência pensante. Aquela que diferencia o fumante do atleta, o bêbado do equilibrista, o plástico do natural. Aquela que sabe que, mesmo sozinha, muda alguma coisa. Sim, eu mudo algumas coisas. Eu mudo só por querer mudar, por existir, por querer revolucionar tudo que esteja passando dos limites. Só. Só por querer já se é destacado. Quantos dos meus colegas vocês acham que pensam que é terminantemente horrível ser grosseiro com professores e que é importante não jogar aqueles malditos papéis de bala no chão? Um, dois, por sorte. Nem meus amigos se importam muito, alguns. Querem se mostrar rebeldes? Ótimo, porém, nunca vi rebeldia sendo igual os demais. Posso então dizer que EU que sou a rebelde da história, só que com causa.

Muitos professores já vieram me elogiar, mas elogios, quem não ganha? No entanto, muitos também já me puxaram num canto e me falaram que sou diferente dos demais. Isso me intriga e me alegra. Alegra porque gosto de mostrar que não sou a favor de coisas erradas, e me intriga porque dizem que sou certa demais. Sou mesmo. Sou certa, gosto das coisas certas, de tudo como deve ser. Não estou falando daquelas infinitas discussões (religião, origem do universo, política e sexualidade), nem de andar de mini-saia ou de calça comprida. Isso é relativo. Eu digo de um modo mais simples: respeito. Não vou rir de um professor ou de qualquer mais velho, nem vou ser mal educada com ninguém. Não gosto, é nojento, é medíocre. Odeio coisas iguais. Odeio gente igual. Gosto que me surpreendam. Gosto de surpreender. Passar e vida em branco não é comigo.

Pois então, eu quero chegar no ponto em que entra a escola. Nada, nunca, jamais me surpreendeu na escola. O que mais acontece é eu me irritar. Sinto que estou emburrecendo todos os dias, tamanha falta de competência dos outros em certas ocasiões. Será que algum professor há de parar de generalizar a adolescência e ver que nem todos gostam de funk todo dia e noite? Gente, por favor, nem todos são idiotas. Eu não gosto de ser tratada uma. Leio blogs de alunos do Rainha mesmo, que pensam como eu, que se irritam com a mediocridade dos demais. Ok, me chame de exibida, diga que eu me acho, diga que eu não sou ninguém porque eu não sou popular e não uso calça atochada na bunda, me rebaixe a cdf feia que só tira notas boas e não curte a vida. Eu não vou me importar. Eu sei o que sou, sei o que penso e o que acredito, você concordando ou não. Pode falar à vontade, eu não vou ligar. Porque não estou sozinha, tenho certeza disso. Ainda há em mim um pensamento de que enquanto tiver gente revoltada com a ignorância humana, haverá uma salvação. E para aqueles revoltados, os verdadeiros rebeldes como eu, levantem-se. Não há nada pior do que ver gente igual e não fazer nada. Claro, , não estou dizendo pra começar uma revolta militar e não estou desejando a morte de ninguém (tem que explicar, , sabe como é). Sinto que tem gente que precisa de um empurrãozinho pra se mostrar, se libertar das correntes da sociedade mediana e voar para o futuro inteligente. E quando eu encontrar alguém assim (aliás, já encontrei), eu vou empurrar. Não precisamos aturar tudo.

Só deixo uma mensagem: Não seja igual. Ser igual é rir na hora de apresentar trabalho, ser desrespeitoso com mais velhos, fumar e usar drogas, pichar, vandalizar de qualquer maneira qualquer coisa, pedir para beijar determinado menino durante a oração, fazer cara feia quando o professor perguntar ou dizer que você está conversando na hora errada, e outras tantas coisas que você já deve estar muito cansado de ouvir. Pois é, eu também. E para os professores, que revejam seus conceitos. Eles é que não devem aturar. Eu que me rale, que fale e fale e ninguém me escute, mas os professores não podem ser menos que os alunos. Senão serão mais ignorantes que eles. E acredite, ser mais ignorante do que certos alunos é dose.


Luciana Pontes

3 comentários:

  1. Antes de mais nada, bem escrito. É legal ler um texto cujo autor sabe colocar as palavras sem que soem feias ou sonoramente absurdas.

    Quanto ao resto: Esse lance de rebeldia. Não que não faça sentido. Mas acho que tem um equívoco no meio do texto: Por que adaptar-se a um sistema de regras de uma instituição privada que visa lucro é rebeldia?

    Não diria que todos os outros que fumam, bebem ou usam drogas são aqueles que estão errados, a nata da sociedade podre. Pararia para pensar por que eles bebem e fumam, todos têm um motivo, desde o mais idiota ao nobre, ou quase nobre. Freud morreu de câncer na boca porque fumava. Bette Davis, Bukowski, John Wayne, Ingrid Bergman e até mesmo a minha mãe. Todas essas pessoas eram os vilões que jogavam o papel da bala no chão da escola? Talvez. Mas eles saíram da escola e mostraram-se pessoas de no mínimo boa índole ou boas idéias. Quero chegar no ponto de que não é a escola, as boas notas, as escolhas saudáveis que vão te tornar uma pessoa notável, boa, inteligente, mas sim o que tu vai fazer lá fora, porque uma hora tu vai ser jogada pra fora dos portões do Rainha do Brasil e o único conselho vai ser "te vira magrão".

    Eu imagino que professores venham te elogiar, e imagino quais também. Todo mundo tem seus momentos de fama, não? Até eu tive. uhaahu. Mas paro para pensar que muitos deles talvez nos estejam elogiando não para ser como o resto da turma, mas sim para não ser como eles. Assalariados do sindicato que procuraram algo melhor mas estão trancados em um lugar e de lá dificilmente sairão. Um pouco hiperbólico meu comentário, mas talvez encaixe-se a alguns deles.

    Quanto aos rebeldes se levantarem. Por quê? Sim, simples assim. Talvez tu tenha lido meu blog pensando que estou indignado, querendo mudar aquilo. Por um tempo sim, mas minha paciência se esgotou. Antes de qualquer palavra, tem uma coisa que parece estar estampada na nossa testa: Nossa idade. Em uma escola, ela vai dizer quem está certo ou quem está errado. Acho que digo isso por experiência. Tudo o que quero fazer é ir por trás das cortinas para o final do espetáculo e tentar fazer algo diferente lá fora, mas, sabe, também não estou muito esperançoso quanto a isso.

    Desculpa pelo comentário gicante. hauhahua. Enfim, acho que todo texto tem seu outro lado.

    Braga

    www.botecodobraga.blogspot.com

    ResponderExcluir
  2. Bem ,eu (amigo do sujeito acima),digo que é a mesma coisa com os colegios publicos,entretanto lá o pessoal que fuma ,fuma baseado,e quem joga papel de bala no chão,transa nos banheiros.
    Há 20 anos atras,existia a propaganda de cigarro na tv,então eu não culpo quem fumava naquela época,mas hoje em dia é mais uma maneira de dividir algo em comum com um grupinho de pessoas "cools' do colégio.Gostei muito do texo ,parabens!!

    ResponderExcluir
  3. Oi, na verdade acho que aqui o que está acontecendo é só uma diferença de referenciais e definições. Rebelde é todo aquele que não se conforma com algo e age de modo a remediar a situação. Transgressor diferentemente do rebelde é aquele que infringe as regras pelo puro prazer de transgredir. O problema é que os alunos que tu citaste, não são rebeldes, são transgressores. Seriam rebeldes se percebessem que são tratados como crianças indefesas, que precisam sair de casa para aprender o básico sobre convivência em sociedade. Seriam rebeldes se percebessem que o sistema de ensino os trata como seres quase anencefálicos que precisam de mil e um subterfúgios e recuperações para ganhar a tarja "aprovado" na testa. Chega de exemplos, senão seriam páginas e mais páginas.

    O transgressor tem um bom potencial de rebeldia, já que ele questiona as regras. Entretanto o fazem sem argumentação, ou argumentação falha. O transgressor pode evoluir para um transgressor nato (marginal), para uma pessoa comum (como as mãe do Braga) ou amadurecer para um rebelde no pleno sentido da palavra: alguém que não se acomoda. Creio que os que escreveram por aqui já estão rebeldes, porque hoje em dia está difícil achar alguém que saiba argumentar, escrever e dispor do seu tempo para isso. Assim concordo com a Luciana no que diz respeito a ser diferente dos demais e por isso ser rebelde. A rebeldia está no fato de não se entregar aos padrões pré-determinados de aceitação nos grupos que se formam em uma escola. Parar para pensar, por incrível que pareça é, sim, se rebelar.

    Fumar e jogar papel no chão são meras transgressões, contra o próprio corpo e contra a limpeza da sala.

    Ah! Braga se tu acha que todos os professores são pessoas frustradas, deverias observar melhor as posturas deles. Esse tipo de comentário que tu fizeste para não se trancar em algo que jamais sairão é correto, mas acontece em TODAS as profissões. Não existe profissão melhor que a outra, o que existe são diferenças na remuneração e no "status" social adquirido.

    Quanto a se rebelar para mudar as coisas na escola: se for rebeldia, será algo construtivo e talvez não se mude nada, mas a caminhada terá valido a pena; se for transgressão pura e simples, tem mesmo é que tomar ... uns cascudos e se aquietar.

    O mundo é dos que pensam.

    ResponderExcluir