sexta-feira, 5 de junho de 2009

Antes que o sol nasça IV

Antes que o sol nasça  Texto pseudo-verídico.

E pode ser, então, que eu volte a ser como era antes, bem calma, leve, tão pura e sensível, quase que isolada do mundo, e meio tímida, admito. Cabisbaixa e descabelada, tanta inocência capaz de me matar, e risos, muitos risos, mas não de mim, nem comigo. São como dardos, e que dardos, tão certeiros quanto a luz (da lua?), me cortando o que resta de esperança. E pode ser, então, que eu volte a ser a pessoa menor do planeta, bem apagada, tão pequena e imperceptível, quase que fora do mundo, e meio maluca, admito.

E pode ser, então, que eu me torne uma deusa, bem nobre, sofisticada, tão alta e inigualável, completamente mais do que qualquer mundo, e meio egocêntrica, acho digno.
E antes que eu volte a ser meu próprio conto de fadas, viro a página. E jogo tudo fora, porque é velho e acabado, está rasgado, está nojento, asqueroso, intocável... Pode ser, então, que eu volte a ser a pior pessoa, talvez assim eu consiga chamar a atenção. E dos risos, velhos dardos, aqueles, bem me lembro do centro do alvo, estão quebrados, ora coitados, caíram no chão e eu pisei em cima, com gosto.

Então, pode ser que eu me transforme numa mortal, bem mortal, pecadora, indigna e desumana, quase que uma ameba, e meio ruiva, admito.
Meus todos sentidos falham.
Tardou e eu não mudei...
E pode ser que eu fique assim, bem maluca, louca, pirada e desvairada, quase que sã... E meio flácida, admito.


Luciana Pontes

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