quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Teatro

Quem um dia iria saber que tudo aquilo que aconteceu no palco seria inesquecível? Eu simplesmente não consigo mais viver como um dia já vivi depois de Teatro. Mudou minha vida de um jeito tão arrebatadoramente profundo que acho que jamais serei tão feliz novamente.

Pareço tão mais jovem quando falo assim! Na juventude a gente acha que nunca mais vai amar tanto, nunca mais vai sorrir na vida... Pareço ter meus tão distantes (ou distintos?) dezessete anos, sinto-me vestir o uniforme da escola de novo, faço crescer meu cabelo muito comprido, visto minhas velhas calças de brim (como eu assim as chamava)... Pareço tão jovem e tão livre!
Mas, quem irá acreditar que a felicidade pode ser encontrada nos palcos da vida? Quem irá acreditar nas palavras bobas de uma garota boba que nem sabe o que é viver... Quem poderá sentir, através desse texto, o que um dia eu senti ao abrirem-se as cortinas?

Mas foi tudo na escola. E o problema da escola é que ela acaba pra nunca mais voltar. E mesmo que o prédio continue ali, com alguns mesmos professores, com o mesmo cheiro de antes, o clima não é o mesmo. Os temperos que deixavam saborosos meus dias não são iguais... Há sempre gente nova... É que meu lugar não é mais ali.

Nas paredes do teatro da escola ainda estão colados nossos abraços, nossos sorrisos, nossos fins! Ainda que gravados litograficamente na pedra de concreto, ainda que como fotos perdidas de momentos perdidos, eles estão ali. No meio das cortinas, do tempo, do espaço! Estranho, esses momentos foram tão infinitos e se terminaram... Digo, de certo modo terminaram. Por que a esperança continua acessa. Dentro do meu peito a infinitude desse espaço teatral é como brasa: Ainda queima, mesmo que não possua chamas. E pouco é necessário para que a dor de nunca mais voltar naquele momento apareça. É preciso uma música, uma chuva no fim da tarde, um olhar pela janela profunda e limitada, sentir um brisa bater do rosto... E tudo volta, em pensamento.

Ah, depois do Teatro nunca mais fui a mesma...


Por LUCIANA PONTES



Nenhum comentário:

Postar um comentário